JORNAL DE SANTA CATARINA - CADERNO VIVER
19/02/2011 N° 12181
CAPA
Pedras para a eternidade
O carro entra pelo portão da casa, no Bairro Bela Vista, em Gaspar, com o barulho das pedras sob os pneus. É o território do artista blumenauense Pita Camargo, que tem como uma de suas formas prediletas de trabalhar o esculpir do mármore:– Gosto de algo que busque a eternidade. As outras coisas se vão, as pedras ficam.Seu ateliê é no jardim, entre palmeiras e o canto dos passarinhos. Segundo o artista, o lugar faz parte da harmonia da forma. A entrada da casa também é um ateliê, onde Pita dá aulas e pretende transformar em escola e galeria. Lá fora, estão sobre algumas mesas as ferramentas para esculpir – máscara, óculos, régua e o onipresente pó que o esculpir das pedras provoca.Ao longo do espaço aberto se espalham pedras em estado puro, altas e largas, obras já finalizadas e em estado de acabamento. O objeto da atual evolução técnica nas obras também está lá: uma ponte móvel com guindaste, rodas e telhado, que permite ao artista movimentar as pedras, que chegam a pesar três toneladas. Lá, seu semblante sério e sua voz grave e firme se mesclam à própria arte. A criação de Pita é visceral, de dentro para fora.– As pessoas me perguntam: tu vive da arte? Não, eu vivo para a arte! – ele exalta. – Porque tudo o que eu ganho, gasto para fazer escultura.Pita Camargo começou aos 11 anos a fazer desenhos, gravura e pintura, mas não se adaptou. Usando o desenho como base, partiu para projetos tridimensionais. Aos 15 anos, fundiu seu primeiro bronze e ali, se encontrou. Na pedra, um detalhe lhe atrai: o peso.Hoje, seu estilo migrou do figurativo para o abstrato.–Antes eu fazia figurativo, por exemplo aquela ali (ele aponta para uma obra com um dorso), é uma mulher, é gostosa. O figurativo é obvio. Hoje, eu prefiro o abstrato, pois ele faz as pessoas pensarem.E, além de toda a complexidade da arte e o peso da pedra, ainda há o peso do trabalho. Pita mora sozinho e trabalha em casa. Todas as manhãs, ele acorda, faz seu café e vai trabalhar. Uma questão de disciplina.
19/02/2011 N° 12181
CAPA
Pedras para a eternidade
O carro entra pelo portão da casa, no Bairro Bela Vista, em Gaspar, com o barulho das pedras sob os pneus. É o território do artista blumenauense Pita Camargo, que tem como uma de suas formas prediletas de trabalhar o esculpir do mármore:– Gosto de algo que busque a eternidade. As outras coisas se vão, as pedras ficam.Seu ateliê é no jardim, entre palmeiras e o canto dos passarinhos. Segundo o artista, o lugar faz parte da harmonia da forma. A entrada da casa também é um ateliê, onde Pita dá aulas e pretende transformar em escola e galeria. Lá fora, estão sobre algumas mesas as ferramentas para esculpir – máscara, óculos, régua e o onipresente pó que o esculpir das pedras provoca.Ao longo do espaço aberto se espalham pedras em estado puro, altas e largas, obras já finalizadas e em estado de acabamento. O objeto da atual evolução técnica nas obras também está lá: uma ponte móvel com guindaste, rodas e telhado, que permite ao artista movimentar as pedras, que chegam a pesar três toneladas. Lá, seu semblante sério e sua voz grave e firme se mesclam à própria arte. A criação de Pita é visceral, de dentro para fora.– As pessoas me perguntam: tu vive da arte? Não, eu vivo para a arte! – ele exalta. – Porque tudo o que eu ganho, gasto para fazer escultura.Pita Camargo começou aos 11 anos a fazer desenhos, gravura e pintura, mas não se adaptou. Usando o desenho como base, partiu para projetos tridimensionais. Aos 15 anos, fundiu seu primeiro bronze e ali, se encontrou. Na pedra, um detalhe lhe atrai: o peso.Hoje, seu estilo migrou do figurativo para o abstrato.–Antes eu fazia figurativo, por exemplo aquela ali (ele aponta para uma obra com um dorso), é uma mulher, é gostosa. O figurativo é obvio. Hoje, eu prefiro o abstrato, pois ele faz as pessoas pensarem.E, além de toda a complexidade da arte e o peso da pedra, ainda há o peso do trabalho. Pita mora sozinho e trabalha em casa. Todas as manhãs, ele acorda, faz seu café e vai trabalhar. Uma questão de disciplina.
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