08/01/2011

Opinião: O que Balneário Camboriú precisa na área da cultura?

Resposta de Lilian Martins, em atenção a enquete do Jornal Página 3 (31/12/2010), publicada em 08/01/2011
Caros jornalistas do Jornal Página 3
Venho dizer que aprecio o respeito que vocês dedicam à cultura, denotando o reconhecimento da importância da arte e da cultura para o desenvolvimento social de Balneário Camboriú. A abertura democrática à discussão da nossa cultura a fortalece, a consolida. Com entusiasmo li a edição do dia 31 de dezembro, e me motivei a contribuir com a matéria.
Sobre a pergunta “O que Balneário Camboriú precisa na área da cultura?”, penso que a autora da coluna “Opinião” da mesma edição responde muito bem: Política Pública. E Política Pública depende de esforços do poder público, iniciativa privada e comunidade. Não basta dizer que “não há vontade política”, “há muita burocracia”, ou ainda, “faltam eventos”. É compromisso de todos nós, como contribuintes, eleitores, gestores, consumidores e produtores culturais.
Cito algumas coisas já realizadas neste sentido, que foram citadas na matéria, mas parece que há um desconhecimento por parte dos produtores culturais da nossa cidade.
Gostaria de informar a existência da LEI Nº 2938, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2008, que "DISPÕE SOBRE O PROGRAMA MUNICIPAL DE INCENTIVO E FOMENTO A CULTURA PARA APOIO À REALIZAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". Pode-se dizer que já há um esforço no fortalecimento dos núcleos produtores, que em geral, precisam de um pequeno incentivo para produzir grandes resultados.
Sobre o Arquivo Histórico Municipal, como funcionária efetiva do setor, digo que este está em funcionamento atendendo todos os dispositivos da LEI Nº 1293/1993, que "CRIA O ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ". Esta lei, na íntegra, pode ser consultada no site da Prefeitura de Balneário Camboriú e no próprio Arquivo Histórico de Balneário Camboriú. É de conhecimento público que o Arquivo de nossa cidade tem uma das melhores estruturas do estado, equipado com arquivos deslizantes próprios para a conservação do acervo documental e icnográfico. Recentemente, inclusive, a equipe teve muito êxito na recuperação de um acervo de negativos de vidro, que brevemente estarão disponíveis para a apreciação da comunidade. É muito importante que a comunidade se aproprie efetivamente do conhecimento que temos guardado.
Para uma cidade de apenas 46 anos de emancipação política, sem tradição em cultura e que abriga um grupo cultural extremamente heterogêneo, avançamos consideravelmente. Tombamos como patrimônio histórico a Igrejinha Luterana (DECRETO Nº 2937, DE 1998) e a Igreja de Santo Amaro (DECRETO Nº 3007, DE 1998), criamos a Biblioteca Pública (1968) e o Arquivo Histórico (1993), uma Fundação Cultural e Conselhos (LEI Nº 2397 DE 12 DE NOVEMBRO DE 2004), criamos “Áreas Especiais de Interesse e do Patrimônio Histórico e Ambiental” (LEI Nº 2794, DE 14 DE JANEIRO DE 2008), e outras tantas leis para a área da cultura. Mas também, chamo a responsabilidade dos produtores culturais em geral, que muitas vezes são desarticulados, não desenvolvem projetos coerentes, não pesquisam ou fazem planejamento, e esperam que o poder público faça tudo e que o público consumidor de cultura simplesmente apareça em seus “eventos”. Como consumidores de cultura, faltam visitas à Biblioteca, ao Arquivo, à Galeria de Artes, aos recitais, às produções locais. Como fiscalizadores das políticas públicas, falta o nosso comprometimento enquanto comunidade. Muito se fala em consciência ambiental. Não vejo as questões do meio ambiente dissociadas dos aspectos sociais e culturais. Espero que, em 2011, possamos despertar também para uma consciência cultural.
Lilian Martins
Artista Plástica, Conservadora e Restauradora de Bens Culturais Móveis

Um comentário:

  1. Concordo com você Lilian. Fiz um curso de Capacitação para Projetos Culturais pelo Ministério da Cultura em Blumenau e entre os noventa convocados,só havia eu de Balneário Camboriu. Parece que o pessoal não procura o conhecimento no setor cultural e sem este fica difícil conduzir os projetos para que sejam aprovados. Tem muitas entidades incentivando e doando recursos para a cultura, mas é preciso buscár esses recursos com projetos bem feitos e planejados dentro das técnicas exigidas pelo MinC, para que haja aprovação.

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