28/12/2010

Negativos de vidro: escanear para preservar a memória

Sobre o assunto da postagem anterior, os negativos de vidro, divulgamos agora parte do processo, que revelou lindas imagens no acervo do Arquivo Histórico de Balneário Camboriú.

Os negativos estavam sem data e a única identificação é a inscrição "Fischer - Bom Retiro" na parte inferior da caixa.

1. Os negativos de vidro estavam acondicionados em uma caixa de papel, sem isolamento entre as peças. Haviam sujidades aderidas, fungos, marcas de dedos, manchas, riscos. A emulsão estava instável em uma das 17 peças. Abaixo, registro do estado das peças:

2. Após uma limpeza superficial, os negativos foram escaneados:
3. Consultamos os manuais de conservação de acervo fotográfico para fazer uma limpeza mais profunda. Pesquisamos também sobre o processo de escanner de negativos, e apesar de nosso equipamento não ser o mais adequado, conseguimos este resultado:

Outros resultados:






24/12/2010

Descobrindo imagens no Arquivo Histórico de Balneário Camboriú


Constituem acervo do Arquivo Histórico de Balneário Camboriú, uma coleção de negativos de vidro. A coleção está sem identificação, e encontravam-se em estado de conservação ruim. Os negativos foram limpos e escaneados, e as imagens digitais trabalhadas. O cotidiano no Laboratório de Conservação e Restauro sempre é cheio de surpresas. Resta agora, o trabalho de identificação destas belas imagens.


Equipe que colaborou com o trabalho: Olga Blessmann, Renata Araujo, Lilian Martins, no Arquivo Histórico de Balneário Camboriú.
Colabore com o Arquivo Histórico, entre em contato!
Terceira Avenida esquina com Rua 2500, Balneário Camboriú
(47) 3264 5706

21/12/2010

O Fabricante Moderno de 1941

Muitas vezes me pego lendo trechos de certos livros velhos (ou antigos...). Além da grafia e da construção textual, observo as letras (tipos), a organização dos textos, as ornamentações e ilustrações. Reúno as pistas para imaginar o modo de vida na época em que foi escrito. Tenho uma predileção aos manuais. Este, O Fabricante Moderno, é de 1941.

16/12/2010

Paleta de pintura


Paleta, em pintura, é o instrumento tradicional que o pintor usa para suporte da suas tintas. É onde a criação começa a se materializar, passar de realidade idealizada para realidade plástica. Como sou pintora, e de escola tradicional, tenho uma ligação íntima com esse instrumento. Uso a mesma paleta de quando comecei a pintar, ainda criança, uma de mão, retangular, que vinha na maleta de pintura da “Trident”. No princípio, a dividia com minha irmã, mas quando ela percebeu que a atividade permaneceria, providenciou uma outra maleta, um pouco mais incrementada, e que vinha com uma paleta maior, ficando a anterior definitivamente comigo. No atelier, quando adquirimos um cavalete profissional, foi mandado fazer sob medida uma paleta de bancada, toda invocada. No entanto, eu sempre retornava à velha paleta de mão, não sei se por apego, costume ou praticidade.

O momento disparador desse texto foi a limpeza da paleta. O mestre Dinyz sempre dizia que a paleta é o espelho do artista. Deve estar sempre organizada e limpa. Ela mostra as escolhas do pintor, revela parte da sua identidade. As lições do mestre incluíam a forma de dispor as tintas, a sequência, como misturar as cores. Mas não adianta, gosto de ver a briga do azul com o laranja, não sei usar o carmim sem esmeralda, amo misturar tinta com o pincel. Gosto muito, mas muito mesmo, de deixar as tintas que sobram acumulando nas beiradas, formando camadas, limpando toscamente o centro para uma nova mistura. Amo tirar um dia inteiro para limpar a paleta, raspando as tintas, descobrindo as cores das camadas anteriores, formando contrastes. É um momento de fruição, lendo imagens que ficaram escondidas. Girando a paleta, vejo os reflexos na água, um fundo de mar, um caminho no mato, árvores, céus, gaivotas. Vou encontrando as imagens, até chegar na madeira, com os resquícios das primeiras tintas, dispostas na “sequência ideal”. Neste momento, reflito sobre os ensinamentos dos mestres Dinys e Venâncio, relembro a sensação da descoberta de novos verdes e violetas.


No ano de 2007, apresentei a mostra “Viração”, onde eu refletia sobre as embarcações tradicionais catarinenses através das suas pinturas raspadas. O mestre tem razão, a paleta nos revela. Essas imagens são retóricas, já estavam todas prontas, há algum tempo, na face da minha paleta.


Imagem - paleta de Lilian Martins scaneada durante o processo de limpeza. Clique e salve, depois descubra imagens você também...

14/12/2010

Fabiana Langaro Loos: Costa Verde e Mar em Sampa


Olá!!
Convido para o coquetel de abertura de minha exposição "Costa Verde e Mar", dia 16/12 (quinta-feira) das 20:30 às 23 horas, na Galeria a Mali Villas-Bôas, no Itaim Bibi, na capital paulista.
Obrigada. beijos, Fabi

Galeria Mali Villas-Bôas - Rua Tabapuã, 838 (Travessa Alex Vallauri, 5) - Itaim Bibi - 04533-020 - São Paulo/SP

www.galeriamalivillasboas.com.br www.twitter.com/GaleriaMVB

(55)11-3078-4586/3078-0541


Fabiana Langaro Loos - artista plástica
55 47 9989-2913
fabiloos@terra.com.br
fabi_loos@hotmail.com
www.fabianalangaroloos.com.br
Balneário Camboriú - SC - Brasil

10/12/2010

Komum - por Diego K. Amorim

Link
"Dois Catarinas" de férias passaram nas comemorações dos 40 anos do Paço das Artes em Sampa, e puderam conferir a animação de Diego K. Amorim, aluno USP, o "KOMUM".
http://www.youtube.com/watch?v=sttIOcwB3lE


Transcrevo:

Olá Lilian, aqui é o Diego, aluno que apresentou o 'Komum' na USP. Tudo bem?
Escrevo para passar o link do vídeo no youtube.


Obrigado,

Diego.

03/12/2010

Dá para pensar arquitetura sem obra de arte? Pois em Balneário Camboriú...

Novamente se levanta a discussão sobre a importância da arte no cotidiano das cidades. Essa questão tem contribuido para que, em muitas cidades por aí, se aprovem leis que incluam obras de arte nas frentes de edificações. Funcionam muito bem em Recife, São Paulo, Florianópolis e São José.

Ficam as opiniões de duas catarinas, publicadas no site WWW.FABIANALANGAROLOOS.COM.BR

Lei das obras de arte nas fachadas virou “lei de fachada”

por Fabiana Langaro Loos (Fabulando - Jornal Página 3)

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A indignação não é apenas dos artistas plásticos de Balneário Camboriú. Está em andamento no Ministério Público um processo iniciado pela FAAPSC - Federação das Associações de Artistas Plásticos de Santa Catarina, pedindo o cumprimento da Lei Ordinária de Balneário Camboriú/SC nº 2.524 de 19/12/2005 que versa sobre a colocação de obras de arte nas fachadas dos prédios. Infelizmente, ela não vem sendo cumprida há muito tempo. Uma cidade que investe pesado na construção civil, pouco se importa com arte e cultura. Outras cidades levam esse tipo de lei a sério e outras tantas tentam copiá-la para ser colocada em prática. Porém, em Balneário Camboriú ainda corre o risco de ser revogada, ou seja, um grande retrocesso para o município. A colocação de uma obra de arte na fachada ou jardins de uma edificação é uma contrapartida social à comunidade e aos visitantes, com acesso democrático à produção artística contemporânea, como um museu a céu aberto, ainda mais quando se fala de uma cidade turística. A quem mais recorrer? As construtoras sempre se esquivam com a desculpa que desconhecem a lei. O “habite-se” é concedido tendo em vista outros itens considerados importantes, e a arte é mais uma vez esquecida. Uma pena, uma vergonha.

Lilian Martins disse:

Muito mais que conhecimento, aplicação e fiscalização da lei, o que nos falta, é educação estética. Em todo lugar, durante toda a história da humanidade, a arte e a arquitetura sempre caminharam lado a lado. Pergunto-me que tipo de formação os arquitetos estão tendo, para não incluir em seus projetos objetos de arte. É comum vermos, por exemplo, ao invés de quadros, colocarem reproduções em papel comerciais equivocadamente chamadas de “gravuras”, que podem até “combinar” muito bem com o ambiente, porém sem trazer reflexão alguma ao espaço destinado ao convívio social. O objeto artístico estabelece uma relação íntima com quem o aprecia, promove reflexão, dialoga emocionalmente. No caso das obras de arte nas fachadas ou jardins dos prédios, compõem a paisagem, atenuando o impacto da ocupação verticalizada. Colocar obras de arte nas áreas de convívio deveria ser prática usual, tão certa quanto observar as questões de impacto ambiental e segurança… é uma pena que tenha que ser por força de lei.

Somos uma cidade bebê num país jovem. Engatinhamos na busca de uma identidade cultural local. Cabe ao construtor escolher que imagem quer associar ao seu empreendimento, ao escolher obras de arte de qualidade. E o valor da obra de arte é mais relativo à sua significância estética e histórica, do que com sua dimensão, material ou preço.

Tenho que lembrar, assim, os artistas são incubidos de uma grande responsabilidade ética, produzindo obras autorais, baseadas em pesquisa e com linguagem própria, com materiais duráveis, apresentando propostas viáveis e com preços condizentes. Congrego das opiniões de Samson Flexor, que quando o artista aceita uma encomenda, seja uma tela ou um mural, deve ter a capacidade suficiente para fazer obra de arte dentro das condições do que lhe é pedido. Flexor afirma que a grande obra de arte reflete a realidade em movimento, supera sempre as condições objetivas, ou as intenções subjetivas que lhe deram origem, e nisso reside sua liberdade.

Li a poucos dias uma reportagem sobre Recife, que tem a lei mais antiga do Brasil (numa busca rápida ao google acha). Hoje a cidade conta com mais de 2.500 obras ao céu aberto, como um grande museu ao ar livre, com obras de Brennand e outros artistas, acessíveis a toda a comunidade e visitantes.

Leis desta natureza funcionam muito bem em muitas cidades do mundo, e estabelecem-se como política pública, pois todos ganham: o construtor agrega valor ao seu empreendimento e isso reflete-se economicamente; a paisagem ganha beleza; a cidade fica mais atrativa turisticamente; o mercado de arte é fortalecido, e o mais importante, o acesso democrático e incondicional à apreciação da arte.

Muita arte para todos nós!
Lilian Martins
Artista Plástica e Restauradora