27/02/2012

Letras catarinas: um poema de Luiz Eduardo Caminha


E S C U L T O R  -  II
   
Os dedos,
Em tênues movimentos,
Emprestavam à argila,
As formas que na mente,
Sua vontade expressava.

Cinzel e martelo,
Dança frenética,
À pedra bruta
Imprimiam contornos,
Detalhes sutis.

Pouco a pouco,
O barro tomava corpo,
E como se vivo fosse,
Mostrava a obra criatura,
Que encantava o criador.

Passo a passo,
Bloco pesado e rude,
Cedia esperançoso
Modelando-se fremente
O suave abstrato da mente.

Um sorriso de prazer,
No canto dos lábios,
Refletia do escultor:
O que a mente lhe ditara,
Seus olhos ora viam.

O mesmo sorriso,
Fluídico prazer
Refletido nos olhos.
Criatura e criador,
Abstrato concreto.

Seus dedos compuseram,
A sinfonia dos movimentos,
A sincronia da arte,
A harmonia das formas,
Sua obra, um pedaço de seu eu!!!

O cinzel contundente
Concebera a esperança.
Pedra bruta, escultura grácil.
Metamorfose expressa.
Completava-se a obra



   Luiz Eduardo Caminha
 Homenagem ao grande escultor e amigo Pita Camargo.
    Blumenau, Dezembro / 97.